sábado

Teus lábios


brilho do olhar
concentrado de vida

tuas beiras liberam aromas
amoras amores anoiteceres

preso em tua redoma
pernas vigorosas
teus vermelhos viscosos teus rosas
carnudos sutis intensos

doce nas pontas
picante nas laterais
no âmago ardente
teus cantos na língua

vinho sangue quente
opulência untuosa ao dente
que me faz teu vampiro
teu escravo
toda vez que demoras na boca comigo


Leve bailar



em tua dança  
límpida em rodopios sensuais  
escorrem internos suores oleosos  

pelas paredes 
translúcida  
deslizas castiçais  
transpiras vapores corpóreos  
filetes lacrimais  

Um poema para uma palavra


amor de esquina
fluindo dança mansa
salto alto bico fino
elegantar de anca
passos entre dentes
versos comparsados

- esta bela palavra cadela

poema torpeço quente
a espalhar sua beleza bailarina
a espelhar sua pele de estrela 

Trecho do livro "Polegar Direito"


Imagino rimas,
remos
para aquele rio
onde os livros
invisíveis
ignoram as margens.
Paulo Vieira