sexta-feira

Coisas emocionais



Página Primeira
o vazio contém uma palavra


Em Capítulos Recuperados
imagem da morte na infância
dedo de filho com um dia de vida


Parágrafos Meninos
galho do pé de goiaba que dá passagem para o telhado da cozinha
     castigo de mãe
dedo perfurado pela agulha da máquina de costura
     umbigo de pai


O Livro Adolesce
o verbo voar levita?
evita ele a falta de ar?


Mensagem do Meio para o Início
o livro pode não agradar 
ao despalavrar a verdade 
e certamente não conforta 
porque não se conforma 
à realidade 
(que realidade?) 


Pergunta que Antecede
- que difere pedra de outra
  caminho de outro?


Do Fim para o Meio
é com leveza de rio em correnteza 
( dureza de pedra 
peso de água ) 
que a poesia bate na cara 


Universos Descapitulados no quintal
longa samambaia na varanda 
mesa na sombra da parreira de uva
verduras fresquinhas e mamão para unha 
antúrios ao pé do velho coqueiro anão
lindas roseiras no canteiro 
touça de cana saco de laranja
enceradeira no piso vermelhão 


Permeância de não Esquecer
- que canário se negaria
  a cantar na gaiola
  (para a gaiola)
  poesia?


Capítulo do Amor Desendereçado
  • vinho aberto no tempo certo 
  • lua azul às quatro da madrugada 
  • banhar uma carta de lágrimas 
  • sonhar no desamor 

Separação
esta vida não se comporta
- diria sobre mim –
então abri a porta e saí
deixei-a
sem se saber já morta


Notinha
mais que espantos, emoções 
quaisquer que queira 
do silêncio ao grito
emoções que alinhavam desatinos 
 os sentidos dos sentidos 


A_Final
 – se não for para guardar no peito um abraço
           para que mais poesia serviria?


.

4 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

Adorei ler do fim para o começo...:-)

Beijos,

Unknown disse...

o final condensa:

meu abraço

na vinha do verso disse...

oi Tânia, tudo bem?

estas coisas emocionais - são são desordem - têm um ordenamento atemporal

não sei qual é e nem como se dá
mas me parece bem mais parecido com a vida e sua poesia

bom ver você aqui
abs

na vinha do verso disse...

amigo Assis

afinal
o vazio abraçaria a poesia?
a palavra ele conteria?

meu também