sábado

Flor de Cacto



é meio assim
só chega se não se sabe
só entra se não cabe

- a parte que não se faz servil
  que violenta o bom gosto
  quer encantar-te

isso desse vício
                  arte?
                  ofício?

poemas apenas
não temas


.

sexta-feira

Perfume de jamais



fim
e se assim for
um simples partir
sonhar a não se crer
no tempo
a descumprir juras de amor?

então
deixa-me ouvir
ao relento o teu tango
a vagar                                                                            
e fugirfundirferirtingir
            em lo uquec ida me nte
o sangue
o espinho
o pecado
o último pecado da flor

cair no esquecimento
vida sem motor
desflorescer no eternamento
que em teu rosto também é
também é jamais

- um lamento latente
  me faz anoitecer a cor
  me faz adormecer a dor
verrugosa flor
  um nada mais a delirar

- sim
  diga por favor
  deixa-me sentir
  sonhar-te o sol nascer
  teus olhos refletir
  o sol se por

então
deixa-me sentir
no longo tango do tempo
alento                                                                              
e fugirfundirferirtingir
em lo uquec ida me nte
o sangue
o espinho
o pecado
o único pecado da flor

e ao encontrar-te no apagar de tudo
sem mais um beijo a mais
teucoloteucalor sem o querer
o que me resta fazer?
cheirar tua rosa revoluto
que em teu corpo agora é
perfume de jamais 


quarta-feira

Pele de pétala


o sol na pele sua
aguarela no dorso
no finzinho da tarde

como flor airosa
espera que a lua
no céu se guarde
e garbosa aguarde
a noite quente
chuvosa

ah
e no banho
      charmosa
ela se veste de longo
      se despe de rosa


.

sexta-feira

Amor demonho


gazela louca
ela me rejeita
no seu jeito de levar a vida                         
             a se livrar dela
         para aquém dela

não me aceita
segue surda apressada
     comendo insultos
caçando becos alucinada
     bebendo olhares
para a lua de mais longa madrugada

a bela loba prefere os infernos onde se deita
   a me querer
       por temer 
          meu amor demonho 

.

segunda-feira

Arco-íris em Outubro

espada do meio-dia
o sol estala no céu desnudo

o calor desvia a luz em assombro
ar agudo ardendo narinas
arranhando olhos que nem lacrimejam mais

come horas derrete corpos desalenta almas

contudo
antes que a vida cinere para sempre
outubro


o escudo - a miragem
milagres em gotas
caem no fim da tarde para além das multicores
leves às soltas
belas meninas
seduzindo a paisagem