terça-feira

Lágrima de amor


quando a palavra amor cai da boca
                                               vazia
pesa ao ouvido
é abismamento, não poema

se chega seca falsa
                   belamente
                        fere abduz
versa vinho ácido, envenena

 mas, quando o amor
                             ama
 sai dos olhos poesia
                             é luz

    

quinta-feira

Amor avinagrado


há uma música surda no encanto do olhar
e a plumagem ilude em policromia

sim, pura beleza

mas é de corpos mutilados
de amores odiados
que chegam canções de sereia
- assassina poesia

em vinho avinagrado  
a fétida palavra vocifera
torpor

no feitiço das garras da fera 
não há amor

  

sábado

Tarde


não vieste 
  na tarde viraste paisagem 
  e o céu já cora 
  a lágrima que enviaste 

na lente rosé da taça de vinho 
   que o sol 
       também sozinho 
             logo se guarde 
                 a esperar amanhã 

  se é amor 
  não encarde 


domingo

Teus lábios

brilho do olhar
concentrado de vida

tuas beiras liberam aromas
amoras amores anoiteceres

preso em tua redoma
pernas vigorosas
teus vermelhos viscosos teus rosas
carnudos sutis intensos

doce nas pontas
picante nas laterais
no âmago ardente
teus cantos na língua

vinho sangue quente
opulência untuosa ao dente
que me faz teu vampiro
teu escravo
toda vez que demoras na boca comigo