sábado

Tristeza



a falsídia
ácida taça
virá cativante
- tempestade de palavras
  que querem-se incontroláveis

fingidora orquídea
jogar-se-á granizo bruto na vidraça
arrancará medo, dos olhos a tristeza
     impor-se-á lágrima
                            nua
             raivosamente

mas, findos raio e trovão
         aquelas
         exatamente aquelas palavras
         boiarão na correnteza

     e o amor ficará assim
               protegidamente

  submergido em solidão

  

domingo

Rota de Colisão


a primeira luz da manhã incide bela  
frágil como vela
corando a linha nobre do corpo de altivo porte

à volta
             silêncio
                           lembrança
cantiga adormecida num gesto de carinho

não há como esconder o coração
na gaveta dos lenços
dos deuses que chegam do medo

vale a vida esvaída na vazia taça de vinho

você é assim
prescrita rota de colisão


bom dia, amor!

   

sábado

Amor abstido

o tinto de derradeira taça
é quase insanidade, se for
do resto espero pouco
pensando bem, quase nada mesmo
nem meu sol a se por
sozinho

a vinha que passou, o dito
se terminou
     terminou perdoado espinho

do que segue abstido
     colheitas tardias
     adiam sempre o último brinde
     - contigo?
a morrer do próprio vinho